A bolsa, ou o investimento nos mercados financeiros, é encarado por muitos como um “jogo”. Nada mais errado!

Em primeiro lugar o investimento em bolsa apresenta uma “soma positiva”, isto é, se as empresas gerarem valor os acionistas beneficiam no seu todo, por oposição aos jogos de azar que são de “soma nula”

Em segundo lugar, a bolsa é a base para a forma mais eficiente de as empresas se financiarem e investirem no seu negócio.

O que acontece é que os investimentos bolsistas são de rendimento variável, logo com potencial para registarem variações de curto prazo, positivas ou negativas, sendo que a prazo é o ativo financeiro com melhores perspetivas de rentabilidade.


(S&P500 vs. Case Shiller Real Estate Composite Price Index vs. Ouro vs. Dolar Index)

Daqui decorre desde logo, que o investimento em bolsa deve ser abordado numa lógica de longo prazo, enquanto parte de um plano global de investimentos.
Há ainda que notar que esta soma positiva implícita no mercado acionista a que acima referi, para além da criação de valor que cada empresa possa gerar, por si só, resulta também do crescimento da economia, acrescido da inflação, que a longo prazo as ações refletem.

Contudo, há épocas em que quase todos os investidores ganham e outras em que quase todos perdem. Isto porque o mercado não sobe de forma uniforme, mas intercala subidas e descidas.
O mais importante para um investidor é ganhar o máximo nas subidas e perder o mínimo nas descidas.

A vantagem de ser um pequeno investidor

Os investidores particulares, regra geral, não têm essa perceção, não beneficiando do facto, ao contrário dos investidores institucionais, de serem obrigados a acompanhar permanentemente o mercado.

No entanto, em vez de usarem essa flexibilidade como vantagem, fazem precisamente o oposto do que deveriam. Tipicamente entram no mercado apenas na fase final do ciclo de “bull market” e saem na fase final do “bear market”.
É este movimento de grupo, conhecido como “herd behaviour” que os investidores particulares devem evitar, visto ser o resultado de uma ausência de estratégia de investimento e da lógica emocional de ganancia e do medo aplicada ao investimento.

Se a longo prazo uma estratégia de “buy & hold” (comprar e manter uma determinada carteira de ações por um período longo de tempo) com diversificação consegue bons resultados, é admissível que esses resultados possam ser melhorados se o investidor tiver em consideração o “market timing” e a seleção de títulos adequada.

O mais importante é entrar ou aumentar a sua posição no inicio do “bull market” e sair ou reduzir a posição no inicio do “bear market”, algo que é mais fácil dizer do que fazer, mas que representa um desafio interessante para quem tenha tempo e disposição para o encarar.

A vantagem dos investidores particulares não terem de estar permanentemente investidos, pois não têm de seguir um determinado “benchmark”, conseguirem investir e desinvestir sem afetar os preços, se bem gerida, pode compensar largamente a desvantagem que podem sentir ao nível da informação e da formação em mercados, a internet o fenómeno do trading digital tem vindo a esbater em larga escala.

Por isso as três questões básicas a responder no processo de decisão de investimento na bolsa são; Quando?, Quanto? e o Quê?

Numa serie de artigos que irei aqui publicar tentarei ajudar a responder a estas (e outras) perguntas desmistificando os estigmas em volta dos investimentos e dos mercados financeiros, abordando quer as técnicas de negociação, quer vários instrumentos financeiros.